Cavalhada – Pirenópolis / Goiás
Realizada há mais de dois séculos no estado brasileiro de Goiás, entre os meses de maio e junho após os festejos do Divino Pai Eterno, o Circuito da Cavalhada é uma festa popular do folclore no país. A festa também está presente em cidades do interior dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e de alguns estados nordestinos, mas é em Goiás, costumeiramente na cidade de Pirenópolis, que ela se mostra mais expressiva.
O primeiro registro de realização data de 1751, em Santa Luzia, hoje Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. E, de acordo com o portal de turismo local, a celebração foi introduzida em Pirenópolis em 1826, pelo Padre Manuel Amâncio da Luz, como um espetáculo chamado de “O Batalhão de Carlos Magno”. Remetendo às tradições de Portugal e Espanha, as manifestações mesclam religiosidade, fé, cultura, turismo, economia e valorização do patrimônio imaterial do Estado.
A celebração tem origem nos torneios de cavaleiros na Idade Média e chegou ao Brasil vinda de Portugal, no final do século XVI. O formato da celebração se configura como uma espécie de teatralização ao ar livre de uma batalha entre cavaleiros: de um lado os cristãos, do outro os mouros. A cavalhada, no Brasil, faz uma histórica referência ao período da Reconquista, em que os mouros são expulsos da Península Ibérica.
Cavalos e cavaleiros (armados com lanças e espadas) apresentam-se com roupas e ornamentos coloridos e simbólicos, os cristãos vestidos de azul e os mouros de vermelho. Os vários personagens presentes desempenham papéis importantes para a simbologia e o entendimento da dinâmica da cerimônia. Há reis, embaixadores, cavaleiros, soldados, mascarados e outros mais.
Os Mascarados são personagens bastante enlaçados com a cultura da festa. Várias versões são contadas, mas o fato é que não se sabe ao certo a origem destes personagens, que são encontrados em todas as cavalhadas do Brasil com diversas diferenças entre as cidades, exceto o Cara de Boi, figura encontrada somente em Pirenópolis. Ao que é contado, os Mascarados representam o papel do povo e daqueles que não tem acesso a pompa dos cavaleiros e seus pares, que representam socialmente a elite e o poder. São debochados e irônicos, fazendo críticas aos poderosos e ao sistema. Montados em seus cavalos, eles brincam, fazem graça e acrobacias e divertem as pessoas. Ao contrário da rigidez e disciplina dos Cavaleiros, entre os Mascarados não há regras, tudo é permitido, menos mostrar sua identidade.
Durante os três dias do evento acorrem diversas atividades. Os primeiros atos são reservados às batalhas, em que os cristãos sagram-se vitoriosos ao final e, assim, convertem os mouros ao cristianismo. Nos seguintes, acontecem os desfiles, corrida de cavaleiros, jogo de argolas e provas.
Em Pirenópolis a Cavalhada é um momento bastante esperado pelos moradores, visitantes e entusiastas do espetáculo, que movimenta a cidade e ajuda a manter a tradição ano após ano.
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As Cavalhadas da Festa do Divino Espírito Santo | Enredo Cultural
