Missa do Vaqueiro
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Missa do Vaqueiro – Lagoa Real / Bahia

A Missa do Vaqueiro, celebrada anualmente na cidade de Lagoa Real, interior da Bahia, é um evento, possivelmente, originado da tradicional Missa do Vaqueiro, acontecimento religioso católico realizado a céu aberto na cidade pernambucana de Serrita, onde vaqueiros nordestinos de várias cidades se reúnem para homenagear Raimundo Jacó, o lendário vaqueiro encantado. A missa em Serrita é realizada desde 1970, todos os anos no terceiro domingo do mês de julho.

 

Raimundo Jacó

Raimundo Jacó Mendes nasceu em 16 de julho de 1912 no município de Exu e era primo legítimo de Luiz Gonzaga. Apesar da pouca idade, sua inteligência e coragem lhe renderam a experiência e trouxeram o  reconhecimento pelo proprietário do grande Sítio Lajes, em Serrita, que lhe deu o emprego de vaqueiro.

Com o tempo, Jacó tornou-se conhecido destacando-se por seus feitos, o que despertou a admiração de muitos e a inveja de outros. Entre os tidos como invejosos está Miguel Lopes, com quem ele passou a ter uma rixa.

Diz a lenda que o dono da fazenda ordenou que Jacó e Miguel Lopes fossem pegar na caatinga uma rês, arisca e estimada, que se afastou do rebanho. A data era 8 de julho de 1954. Ao fim do dia, Miguel Lopes volta à sede da fazenda, sozinho, sem a rês e dizendo ter se perdido de Jacó. Os outros vaqueiros, preocupados, saíram à procura de Raimundo Jacó no dia seguinte, e, em meio à caatinga, encontraram-no morto, ao lado da rês ainda amarrada, e o seu fiel cachorro, que se manteve ali todo o tempo. Uma pedra manchada de sangue jogada ao chão insinuava a covardia de um assassinato.

 

 

A Missa

O trágico assassinato abalou os vaqueiros nordestinos da época. A justiça calou e, sem provas concretas, o caso foi arquivado e nunca esclarecido pela Lei. Dezesseis anos após o ocorrido, em 1970, o pároco João Câncio foi informado sobre o legado do vaqueiro. João Câncio decidiu então celebrar uma missa campal em homenagem a Raimundo Jacó, que contou com a presença e colaboração de Luiz Gonzaga. A princípio seria uma única celebração, mas acabou se tornando uma das manifestações mais fortes da religiosidade nordestina, em que vaqueiros encouraçado seguem montados em seus cavalos numa procissão até o local da morte de Raimundo Jacó, onde a missa é celebrada.

Ao longo dos anos essa tradicional missa deu origem a outras celebrações pelo país. É possível que uma dela seja a Missa do Vaqueiro de Lagoa Real, que traz aspectos muito semelhantes aos da celebração a Raimundo Jacó e é uma das mais conhecidas no país, e de grande representatividade na Bahia.

 

 

Há uma versão defendida de que essa manifestação cultural do município de Lagoa Real, nascida em 1991, tenha tido início por uma comemoração a uma ampliação realizada no posto de Saúde denominado Jairo Pontes, denominação em homenagem a um médico homônimo, que de muitos serviços prestados à comunidade recebeu a honraria de uma celebração católica na intenção da sua alma. Sendo Dr. Jairo Pontes muito ligado aos vaqueiros, cavalgadas e vaquejadas, foram convidados para a missa alguns vaqueiros da região. Todos eles vieram participar da homenagem montados a cavalo e vestidos a caráter. Após o ato de inauguração, celebraram a “Missa do Vaqueiro” em frente à igreja matriz da cidade. Os vaqueiros teriam manifestado imensa satisfação com este ato e o evento ganhou grande repercussão na região, dando motivos para sua continuidade e ampliação nos anos seguintes.

Fato é que a celebração da Missa do Vaqueiro é um momento de resgate da cultura popular regional, e também brasileira, e de renovação da fé e da esperança como um acalento a quem atua na lida diária do ambiente árido sertanejo sem se abalar e mantendo a força de preservar viva a tradição.

 

Conheça aqui o filme Missa do Vaqueiro, que conta a história e o legado de Raimundo Jacó e o surgimento da celebração.

 

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